O kit de monitoramento para seu pátio logístico
O pátio deixou de ser visto como um simples espaço de espera e hoje ocupa lugar de destaque na agenda dos gestores logísticos. A busca por eficiência operacional em todas as etapas da cadeia de suprimentos e a pressão constante por redução de custos transformaram a gestão de pátio — antes negligenciada — em alvo de iniciativas voltadas à melhoria de processos. O gestor atento busca eliminar gargalos, filas, atrasos e custos de estadia. E assim, multiplicam-se iniciativas de implantação de Yard Management Systems (YMS). Mas aqui vale um alerta: tecnologia por tecnologia nada resolve. Um YMS só gera resultado quando está a serviço de processos bem definidos e de indicadores que guiem a disciplina operacional.
Este artigo apresenta cinco KPIs essenciais para transformar o pátio em um motor de eficiência. São métricas que equilibram simplicidade e impacto: reduzem filas, aceleram o giro, cortam custos invisíveis e aumentam a previsibilidade — sempre com foco no processo, não apenas no sistema.

KPI #1 — Tempo de Ciclo do Pátio (Gate‑to‑Gate Turnaround Time)
O que é: O tempo decorrido entre o check‑in na portaria e o check‑out após carga/descarga. É o indicador central, pois concentra todas as fricções do fluxo.
Como medir (prático).
Acompanhe: média (TMPV), mediana, tempos máximo e mínimo, P95 e desvio padrão.
Ponto de atenção: TMPV (Tempo Médio de Permanência de Veículos)
Cortes úteis: por transportadora, tipo de carga, doca, turno ou motivo de visita.
Por que importa: Resume a eficiência de todo o processo de pátio. Se for possível controlar um único indicador, deve ser este. Menor e mais estável significa mais vazão com a mesma infraestrutura, menos custos operacionais e menor penalização de estadia.
Ações típicas: Agendamento com prioridade real, triagem antecipada, documentação pré-validada, chamada rápida, check‑in expresso, planejamento dinâmico de docas e verificação de tempos excessivos em docas. Enfim, todo ganho ou perda de eficiência impacta esse KPI.
KPI #2 — Aderência ao Agendamento (Appointment Adherence)
O que é: Percentual de veículos atendidos dentro da janela confirmada (ex.: 60 minutos). Mede tanto a disciplina dos parceiros quanto a capacidade do pátio de cumprir slots.
Meça: On‑time rate, No‑show rate, Reagendamento — cada um refletindo causas distintas.
Por que importa: Sem disciplina de janelas, o TTT se torna refém de picos aleatórios. Aderência é processo antes de ser sistema.
Diretrizes sugeridas: alcançar ≥85% on‑time e no‑show abaixo de 10%.
Ações típicas: Incentivos e penalidades, sobre-alocação inteligente, confirmações digitais, janelas específicas para devoluções e alertas proativos.
KPI #3 — Utilização Efetiva de Docas (Dock Utilization & Throughput)
O que é: Percentual de tempo em que as docas estão em operação produtiva versus o total disponível, somado à produtividade (unidades/toneladas por hora).
Por que importa: Docas ociosas coexistindo com fila externa indicam falhas de processo, não apenas ausência de tecnologia. Também podem implicar em pessoal ocioso, uma das maiores fontes de perda.
Diretrizes sugeridas: ocupação de 75 a 90%. Produtividade definida por mix de produtos e benchmark interno.
Ações típicas: Compatibilidade doca×carga, agendamento por clusters, balanceamento de equipes, pré‑montagem de pedidos e bloqueio automático em caso de documentação pendente.
KPI #4 — Custo e Penalidades de Estadia
O que é: Valor pago por esperas além da franquia. Pode ser proveniente tanto de termos contratuais quanto de penalizações (Lei 13.103/2015 – Lei do Caminhoneiro). Converte ineficiência em impacto financeiro direto.
Por que importa: São os custos mais explícitos da ineficiência do processo no pátio.
Diretrizes sugeridas: Redução de 20 a 30% em 90 a 180 dias é possível com disciplina de agenda, triagem ágil e processos digitais.
Ações típicas: Contratos com níveis de serviço claros, responsabilidades bem definidas, redução do TMPV e combate a casos com TTT máximo.
KPI #5 — Sazonalidade de Ocupação do Pátio
O que é: Análise de como a ocupação do pátio varia ao longo dos dias, semanas e meses. Permite identificar sazonalidades, picos recorrentes e períodos de baixa.
Por que importa: Entender padrões sazonais é fundamental para planejar recursos e ajustar processos. Mais do que tecnologia, é a consistência nos processos que garante eficiência em momentos de pico e aproveitamento em períodos de baixa.
Ações típicas: Alinhar com departamentos como comercial e suprimentos para buscar maior equilíbrio na operação, ajustar equipes conforme demanda prevista, criar planos de contingência para períodos de maior movimento e estabelecer janelas diferenciadas em épocas de pico.
Um programa de excelência de Supply Chain Management (SCM) garante alinhamento entre áreas, previsibilidade e integração do pátio com toda a cadeia logística.

Como os 5 KPIs se conectam
Cada indicador reforça o outro: aderência de agenda reduz ciclo e variabilidade; docas bem utilizadas encurtam tempos; o custo traduz tudo em finanças; e a sazonalidade mostra se os processos estão maduros. Basicamente, todos têm algum nível de correlação entre si e são o raio-x da eficiência do pátio.
Dura realidade
A gestão de pátios ineficiente impacta toda a cadeia de suprimentos. Muitas vezes, a grande aposta está em implantar tecnologias como o YMS na esperança de consertar a bagunça do pátio. A dura realidade é que o YMS sozinho, sem processos minimamente geridos, dificilmente contribuirá e talvez até complique mais a situação.
Assim, não existe uma tecnologia “bala de prata” para resolver a ineficácia. Até mesmo para implantação de YMS, há necessidade de reestruturar minimamente os processos de gestão de pátio. Capacite seu time, traga especialistas, encare os pontos de gargalo e comece a contê-los.
E agora?
Seja com um YMS ou adiando sua implantação para o futuro, gerir melhor os processos de pátio exige mais controle. Os KPIs que citamos são o pacote mínimo para sua gestão. Uma boa notícia: com pouco recurso, sua equipe pode implantar o controle desde já e colher mais velocidade, previsibilidade e redução de custos.
E quando for implantar um YMS, tenha atenção em como a ferramenta avaliada se alinha tais indicadores com sua gestão.
Boa sorte!
Escrito por: Eros Viggiano – Founder e CEO da LogPyx








