Thatiana Nomi desenvolveu o artigo abaixo para o site do ILOS com as medidas que alguns países estão tomando para a retomada do trabalho em fábricas e centros de distribuição a fim de minimizar o contágio entre funcionários pelo novo coronavírus. A Logpyx foi citada como a empresa brasileira que possui soluções tecnológicas no rastreamento de pessoas. Veja a matéria completa.
“No fim de março, divulgamos uma série de ações com o objetivo de minimizar o risco de contaminação nas operações: além das recomendações básicas de higiene e uso de equipamentos de proteção, é possível estruturar e escalonar equipes para minimizar o contágio entre funcionários. Além dessas adaptações no planejamento de equipes e na rotina das operações, à medida em que alguns países planejam a gradual flexibilização das medidas de isolamento, temos visto no mundo o aumento do uso de “dispositivos vestíveis” – os wearables, como mecanismos para assegurar ao máximo o distanciamento social nos locais de trabalho.
Em abril de 2020, uma dúzia de funcionários da fábrica da Ford em Plymouth, Michigan, se voluntariou para testar relógios que vibram quando um funcionário atinge uma distância de ~1,8 metros (6 pés) de outro. O teste faz parte de um conjunto de ações de segurança desenvolvidas para uma eventual retomada da produção. Os dispositivos são da Samsung, com software da empresa Radiant RFID, e funcionam por Bluetooth. As medidas têm sido pilotadas nas fábricas em que a Ford está produzindo respiradores.
O uso de soluções IoT (internet das coisas) tem sido cada vez mais difundido em fábricas e centros de distribuição, principalmente com objetivos de aumento de produtividade, mas também de segurança do trabalho. A Proxxi, por exemplo, é uma startup canadense fundada em 2015 que fabrica pulseiras com sensor de voltagem para detectar equipamentos energizados, com o objetivo de proteger trabalhadores contra acidentes elétricos.
A maioria dos clientes da Proxxi são das indústrias de construção e elétrica, porém, quando a crise do COVID-19 estourou, os clientes começaram a perguntar se seria possível que as pulseiras se comunicassem entre si para alertar os funcionários sobre a necessidade de distanciamento uns dos outros. Daí o desenvolvimento da pulseira Halo, que faz exatamente isso, considerando a distância de ~1,8 metros (6 pés). Com o histórico, caso descubra-se que um funcionário está infectado com o SARS-CoV-2, é possível rastrear todos com quem entrou em contato. Inicialmente, a Proxxi produziu 5 mil pulseiras, e todas já foram vendidas (cada uma a 100 dólares).
Em poucos meses, empresas de tecnologia lançaram soluções
Esses são apenas alguns exemplos, mas são muitas as empresas de tecnologia que lançaram novas soluções ou incorporaram funcionalidades relacionadas ao distanciamento nos produtos já existentes. Elas foram flexíveis e ágeis o suficiente para capturar a oportunidade de mercado, e muitas relatam que sua demanda disparou.
Na Bélgica, funcionários do Porto de Antuérpia já utilizavam pulseiras fabricadas pela Rombit (startup belga fundada em 2012), que desenvolve soluções IoT para terminais portuários, serviços marítimos e plantas petroquímicas. Os dispositivos, que eram usados para pedidos de ajuda caso um funcionário caísse na água ou algum outro acidente ocorresse, agora também alertam os trabalhadores caso cheguem a um raio de 1,5 metros de outro. No fim de abril, John Baekelmans, CEO da Rombit, disse ter recebido pedidos de até 500 empresas de 99 países, com planos de expansão da produção para que 25 mil dispositivos fossem disponibilizados em algumas semanas. Ele conta que, entre os pedidos, há muitas empresas de logística, portos e empresas do setor de construção.
A Blackline Safety, canadense fundada em 2004, fornece tecnologias de segurança no trabalho com foco em detecção de gás. No fim de abril, lançou funcionalidades de rastreabilidade de contato nos produtos existentes. A empresa incorporou relatórios para facilitar que gestores sejam capazes de avaliar se os protocolos de segurança estão sendo respeitados. Outros casos incluem a CarePredict e Guardhat (norte-americanas), Lopos (belga), RightCrowd (australiana) e Tended (inglesa).
Aqui no Brasil, uma das empresas com soluções nessa área é a LogPyx: startup mineira que desenvolve tecnologias IoT com foco no segmento logístico e de supply chain. O dispositivo da empresa, com precisão de rastreamento de 50 cm, alerta funcionários sobre a proximidade de risco e necessidade de distanciamento.
Algumas empresas também pensaram em soluções além do distanciamento e da rastreabilidade de contato entre pessoas. É o caso da norte-americana Immutouch, que lançou uma pulseira que vibra quando o usuário leva as mãos ao rosto, para evitar o toque aos olhos, nariz e boca. Os fundadores, três amigos de faculdade, reportam estar vendendo o produto próximo a preço de custo.
E a privacidade?
No caso das pulseiras da Rombit sendo usadas no Porto de Antuérpia, não há servidor central, e os dispositivos estão conectados apenas entre eles. Porém, na maioria das soluções, são geradas bases de dado granulares com o histórico de movimentação e interação dos funcionários. Implementar esse tipo de solução exige um plano muito bem estruturado, e precisa do apoio e visão da área de RH: Quais dados exatamente são gerados? Quem teria acesso aos dados?
O uso de wearables no ambiente de trabalho sempre traz a preocupação sobre a invasão de privacidade dos funcionários. Os fornecedores das tecnologias argumentam que ter um dispositivo dedicado, como pulseiras e cartões, ao invés de usar o smartphone das pessoas, ajuda a mitigar esse aspecto.
Para além do ambiente de trabalho, no dia-a-dia de todos, vemos muitos países (especialmente asiáticos) rastreando o contágio através de aplicativos nos smartphones da população. Porém, não podemos esquecer que a diferença cultural entre os países é muito grande. Algumas medidas adotadas pelo governo sul coreano, por exemplo, quebrariam leis de privacidade nos EUA. Na Alemanha, o governo planejava desenvolver internamente um sistema de rastreamento, mas alteraram a decisão e passaram a apoiar a solução sendo desenvolvida pela parceria entre a Google e a Apple.
Como é o caso da maioria das tecnologias, há um potencial benefício para todos (empresas e funcionários), mas precisamos garantir que não sejam usadas para o mal. Também é de interesse dos provedores da tecnologia desenvolver soluções de forma a prevenir o mau uso, afinal, caso haja abuso da tecnologia, não há cliente que desejará utiliza-la.”
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Matéria na íntegra: https://www.ilos.com.br/web/solucoes-iot-para-promover-o-distanciamento-de-funcionarios/